Amigos e amigas
Para além das duras ondas de calor, temos sido presenteados com uma riquíssima temporada de visitantes. Recentemente concluímos uma escola do amor, uma semana de introdução para LGBTQ+ e um curso sobre comunidade. Esta semana, decorre um curso ecológico sobre paisagens de retenção de água. Na próxima semana, receberemos mais de 40 participantes para o campo de jovens que realizamos anualmente. Queremos agradecer a todos os que vieram até aqui para visitar e estudar connosco.
Em quase todos os cursos, as questões que nos são colocadas incluem: Como abandonar as amarras do capitalismo, do patriarcado e de outros sistemas ultrapassados? Como construir alternativas funcionais e comunidades prósperas? Como é que as pessoas podem viver juntas de forma duradoura, em confiança e solidariedade?
É neste contexto que celebramos o 10º aniversário da Revolução de Rojava, saudando o povo de Rojava pela sua coragem e compromisso insondáveis. Rojava tornou-se um exemplo de possibilidades visionárias, sob as circunstâncias mais desafiantes.
Em Julho de 2012, face a um dos maiores massacres deste século, o povo curdo do nordeste da Síria fez nascer uma revolta e uma experiência social auspiciosa. Apesar de enfrentarem enormes hostilidades, milhões de pessoas - curdos, árabes, assírios, turcomenos, yazidis e outros - construíram a região autónoma de Rojava, demonstrando como uma sociedade multi-étnica pode coexistir respeitosamente. Esta iniciativa procura criar uma sociedade pós-dominante, pós-extractivista, pós-estatal, baseando-se na auto-governação democrática de base, com assembleias populares descentralizadas, justiça restaurativa e valores
ecológicos. O papel da liderança feminina é central a tudo isto; como escreveu o líder curdo Abdullah Öcalan, visionário e preso político: "A história de cinco mil anos de civilização é essencialmente uma história de escravatura feminina".
Desde o seu início, o povo de Rojava precisou de defender esta revolução contra numerosos ataques, realizados essencialmente pelo Daesh (acrónimo árabe para o Estado Islâmico do Iraque e do Levante) e pela Turquia. Paralelamente à comemoração deste aniversário, paira a ameaça de uma nova invasão militar por parte de Erdowan, visando esmagar a revolução. Infelizmente, os meios de comunicação internacionais dão pouca ou nenhuma visibilidade a este assunto.
Consequentemente, um grupo internacional de líderes de movimentos sociais, comunidades e Primeiras Nações, publicaram uma declaração de solidariedade urgente com o povo de Rojava. Os signatários incluem a co-fundadora de Tamera, Sabine Lichtenfels, Tiokasin Ghosthorse, Gail Bradbrook, V de One Billion Rising (Eve Ensler), intelectuais dissidentes como Noam Chomsky, Silvia Federici, David Harvey e outros.
Estamos com o povo de Rojava e com todos aqueles que constroem alternativas, frequentemente arriscando as suas vidas.
Saudações solidárias, em nome da comunidade de Tamera,
Martin Winiecki & Janni Hentrich
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